sábado, 25 de abril de 2009

Revoução de Abril

Como todos sabemos, hoje comemora-se a Liberdade e a revolução que deu origem à sua celebração.
Também já todos conhecemos as vantagens desta revolução sem tiros mas que não deixou de ser violenta. É isto mesmo que quero partilhar: as desvantagens da Revolução dos Cravos.
Quando está tão na moda falar nas minorias, porque é que ainda ninguém se lembrou daqueles cujas vidas tiveram de mudar de forma tão radical?
Houve que tivesse de ser exilado devido à perseguição levada a cabo pelas alas mais radicais que tomaram o poder nos primeiros anos de democracia. Por não concordarem com as ideias dos extremistas, uns tiveram de se separar da família, os outros, os que puderam, levaram a família, deixando para trás tudo o que até então haviam conseguido construir.
Com a loucura da nacionalização e a "terra a quem a trabalha", algumas famílias perderam as suas casas, as suas terras, as suas fábricas e os seus bancos, por terem sido usurpados por preguiçosos e invejosos influenciados pelo fervor das ideologias do poder político de então.
Milhares de portugueses viram-se obrigados a fugir para um país que mal conheciam - alguns desconheciam-no de todo -, Portugal, perdendo a sua identidade cultural e deixando tudo para trás, por vezes até a família. Muitas mulheres separam-se dos maridos, muitos amigos perderam o contacto e muitas crianças foram entregues a familiares afastados. Enquanto os mais esperançados iam aguentando, por acreditarem que o fim da guerra era para breve.
Os que vieram, recomeçaram uma vida nova num país que os recebia com desconfiança e que os rotulava de "retornados".
Os que foram esperando por lá sobreviviam com senhas de racionamento que lhes dava direito a consumir exclusivamente ovos durante um mês, óleo no mês seguinte, açúcar depois, quando chegava a vez do arroz, já não havia ovos; carne e peixe, nem vê-los. Já para não falar nas perseguições raciais feitas aos brancos até à Independência e no risco de ver a casa pilhada, serem sequestrados ou levarem com umas balas acidentais pela parede de casa adentro.
Dada a inexistência de um processo de descolonização, as guerras civis no "Portugal de Além-Mar" duraram vários anos, décadas nalguns casos. Daí resultaram milhões de mortos, muita fome e uma grande de esperança.
Hoje, quantos de vós se sentem livres de dizer o que pensam, sem medo que vos despeçam ou vos encostem à prateleira, tal como acontecia à 35 anos atrás?

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